RESENHA POLÍTICA - POR ROBSON OLIVEIRA
AGRO
O sucesso alcançado em cada ano da Rondônia Show Rural, em Ji-Paraná, revela a força do agronegócio em Rondônia seja para a economia, seja na política. A quantidade de autoridades no evento demonstra quanto o setor é prestigiado e a sua influência nas políticas públicas do setor agrícola rondoniense. O evento é, hoje, o maior do gênero da Região Norte com expositores das principais marcas do mundo e com as melhores tecnologias.
CONTRAPONTO
Não tem como passar despercebida a reação do agro rondoniense em contraponto às políticas preservacionistas do governo federal para toda a região amazônica. Em contato com produtores de soja e pecuaristas, presentes ao evento, as críticas são ácidas ao presidente e ao governo. Exatamente de um setor que depende muito de boas estradas, bons subsídios e portos modernos que são de responsabilidade do governo federal.
ARMÍSTICIO
As comodities são importantes para a balança comercial do país e imprescindíveis para alimentar a crescente população mundial. Portanto, setor público e privado precisam de um armistício para que as exportações de grãos e proteína animal não sofram restrições nos mercados internacionais, uma vez que é possível desenvolver o setor primário sem agredir o ecossistema de forma irresponsável.
DESAFIO
Enio Milane, novo Superintendente da Delegacia Federal da Agricultura de Rondônia, assumiu o órgão ontem, por indicação do MDB, com a missão de fazer um diagnóstico dos problemas no setor, especialmente as propriedades embargadas judicialmente, para que seja encontrada uma saída negociada que atenda aos interesses públicos e os privados. É um desafio enorme cuja solução enfrenta entraves legais dificilmente ultrapassados apenas com a saliva.
CRÍTICO
Ênio Milane é um conhecedor da agricultura de Rondônia e especialista em produção de leite que organiza todos os anos em Cerejeiras o maior evento estadual de gado leiteiro. Sempre manteve relações políticas com o senador Confúcio Moura e sempre foi um dos mais críticos às ações do ex-secretário estadual de agricultura, Evandro Cesar Padovani. Agora, na condução da superintendência federal da Agricultura, tem a chance de colocar em prática aquilo que sempre defendeu uma vez que passa de crítico a ser criticado. No entanto, competência para as funções é o que não lhe falta.
AVALISTA
A Federação da Agricultura e Pecuária de Rondônia (FAPERON), presidida por Hélio Dias, disse que Milane tem as condições políticas para buscar soluções aos impasses do campo em Rondônia. O difícil não é apenas diagnosticar o problema, mas é, sobretudo, compatibilizar erros administrativos e políticos do passado com as travas ambientais do presente, onde a lei tem que prevalecer afetando famílias que há décadas foram se apossando sem oposição em áreas destinadas à preservação.
DESENVOLTURA
Os dois principais nomes atualmente especulados para uma eventual disputa ao Governo de Rondônia, Hildon Chaves (prefeito da capital) e Sérgio Gonçalves (vice-governador), caminhavam com desenvoltura na Rondônia Show Rural. Embora ainda seja muito cedo para apostar em um prognóstico das eleições estaduais, ambos, nas caminhadas pelo parque, foram recebidos como “pop stars”.
BELIGERÂNCIA
Ao que parece, nas eleições municipais do próximo ano, as eleições estaduais vão ditar quem dos dois influenciará mais no pleito para pavimentar com maior robustez a disputa de 2026. Hildon Chaves e Sérgio Gonçalves são exemplos de jovens na política rondoniense que conseguem romper aquela política cartorial chefiada por velhos caudilhos que não souberam se reinventar nestes tempos de beligerância ideológica. Mesmo não possuindo perfis agressivos, Chaves e Gonçalves surgiram com força em meio a uma crise de lideranças que são linchadas eleitoralmente país afora.
PAU
Diz do adágio que “pau que bate em Chico é o mesmo que bate em Francisco”. Neste sentido, desde que a 13ª Vara Criminal de Curitiba, conhecida mundialmente pela Operação Lava Jato, foi exposta através de diálogos entre magistrado e promotores combinando atos processuais vedados por lei, os escândalos não param de suceder. Pouco importa quem seja o magistrado de plantão, a população espera que os julgamentos sejam imparciais. O afastamento do atual titular da Vara, Eduardo Appio, revela, supostamente, uma conduta, embora inversa, parecida com a do ex-titular, Sérgio Moro. Pouco importa qual o destinatário das decisões, visto que o pau que bate em Chico é o mesmo que estala nas costas de Francisco.
PERPLEXIDADE
A entrevista de Appio, concedida ontem (23), na Globonews, reconhecendo que usava a senha LUL22, em razão de sua insatisfação individual com a prisão de Lula por ele alegada injusta, causou perplexidade nos meios jurídicos e políticos. A declaração, por si só, como manifestação de um cidadão não é incompatível com os direitos fundamentais escritos na carta magna, mas é frontalmente vedado por lei da magistratura quando a opinião transcende a manifestação meramente pessoal e supostamente contamina as funções adjudicatórias.
OBSCURIDADE
Desde que o magistrado Appio decidiu dar luz à obscuridade da operação lava jato que sua vida profissional vem sendo escaneada e posta à execração pública. Ainda assim conseguia sobreviver ao “fogo amigo” no âmbito do Poder Judiciário. O problema é que agora é denunciado exatamente por ter usado das funções para se passar por outra pessoa e buscar informação de forma sub-reptícia contra quem se confronta; ou seja, da forma igualmente obscura que tanto criticou. A 13ª Vara de Curitiba está fadada a entrar para a história com os fatos mais ignominiosos da justiça brasileira. Moro foi um ponto fora da curva, e Appio subjugou os desafetos e se esborrachou na saída antes da curva.
CALOR
O verão rondoniense se antecipou a maio com temperaturas em alta. E os ventos indicam mais calor tendendo a aumentar a temperatura estadual, especialmente no espectro político. Olho atento aos céus de Rondônia. E não são os balões de São João que se avizinham...
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