Estamos adoecidos. A sociedade está adoecida. É preciso que se perceba que não é a tecnologia, a internet, as opções que provocam o caos. O que provoca situações chocantes está no nosso cotidiano, na nossa forma de estar no mundo, na cultura que imprimimos ao nosso estar no mundo.
Dificilmente as pessoas percebem onde dentro de si se esconde a semente de atos cruéis. Porque, sim, ela está lá e se manifesta em cada um de nós. Precisamos olhar com atenção para mais fundo. É preciso ver em que parte da nossa estrutura está escondida a origem da violência, da agressividade, da intolerância, do menosprezo pelos seres. Quando é que começamos a aprender que precisamos dominar, nos sobrepor e impor?
Por que confundimos força com agressão e violência? Onde é ensinado que para ser, preciso ser aceita a qualquer custo, em todos os sentidos e o tempo todo?
São perguntas que devem ser feitas nas menores coisas do dia a dia porque é onde tudo se cria e vai tomando forma.
Modificar estruturas não é fácil. Modificar a minha estrutura pessoal é trabalho para uma vida inteira e modificar as estruturas sociais, obviamente, será um trabalho para gerações. Mas é preciso seguir na busca por uma sociedade mais sadia e isso eu só consigo fazer do micro para o macro. Na família, no círculo de amigos, no ambiente de trabalho, na comunidade.
Está cada vez mais claro que a saúde mental é necessidade básica para que se construa uma sociedade mais humana, menos competitiva e baseada em relações humanas ao invés de relações de poder.
Saúde mental vai muito além de "não se estressar" ou lidar bem com as dificuldades. Saúde mental tem mais relação com perceber de que maneira eu firo a mim mesma e aos que estão à minha volta, tem relação com perceber quais partes de mim são amplificadas em detrimento de outras que são abafadas.
E é claro que aqui eu falo de uma realidade contextualizada, de pessoas que podem e têm espaço para pensar sobre essas questões, pois saúde mental também se relaciona com o ambiente onde eu vivo, as condições de vida que eu tenho, a fome que eu sacio ou não. O tema é amplo e tem muitas camadas. Mas é urgente se fale sobre isso
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